Desenvolvimento sustentável, a geração com a maior responsabilidade na história da nossa espécie

Inicio as reflexões sobre o desenvolvimento sustentável, pensando no que representamos, seja nossa vida, a espécie humana e o próprio planeta Terra. Coloquemo-nos em perspectiva. Estima-se que o planeta Terra tenha surgido há 4,57 bilhões de anos e por 1 bilhão de anos nada existiu nesse caldeirão fervente. A vida surgiu no planeta há 3,6 bilhões de anos, com os primeiros organismos unicelulares. Mais alguns bilhões de anos foram necessários para que, há cerca de 150 mil anos, os primeiros homo sapiens pisassem no continente africano e isso representa apenas 0,0032% do tempo de existência do planeta Terra. Pense que a expectativa de vida de uma pessoa seja 70 anos e você tem a perspectiva desse tempo em relação a nossa espécie.


Ainda pensando em perspectiva, eu não conheço uma foto com uma mais visão global sobre o que nós representamos do que aquela tirada em 1990 pelo objeto produzido por mãos humanas e que está mais distante de nossa casa, a sonda espacial Voyager I. Foi com base nessa foto, intitulada “pálido ponto azul”, que o astrônomo e divulgador da ciência Carl Sagan produziu uma brilhante reflexão sobre tal perspectiva e sobre o papel de cada um de nós, e emotivamente narrada no breve vídeo abaixo:


Tal pensamento sobre o “pálido ponto azul” me trouxe 2 sentimentos (de humildade e responsabilidade) e um aparente paradoxo entre o tudo e o nada. A foto em si nos mostra que o nosso planeta é realmente um grão de poeira, ou quase nada, perante a dimensão do universo. Porém, é efetivamente tudo o que temos, pois toda nossa história ocorreu numa pequena fração do tempo e do espaço desse grão de poeira. Ao meditar sobre essa foto, a meu ver, não há como não trazer à tona um sentimento de humildade diante do que cada vida humana representa, seja a de cidadão comum, seja de um “líder supremo”. Por outro lado, as ações de cada uma dessas vidas humanas produz consequências que podem ter efeitos, desejados ou indesejados, por um longo tempo. Muitos momentos críticos da história foram decididos por ações ou eventos singelos. A minha própria vida e de meus descendentes dependeu da decisão de meus antepassados de emigrarem para o Brasil. Ou seja, é grande a responsabilidade que cada um de nós tem sobre a consequência de nossa ações e mesmo de nossas omissões; inegavelmente, líderes têm uma responsabilidade ainda maior.

Esse pensamento associa-se com a definição mais abrangente e completa de desenvolvimento sustentável que conheço:
O Desenvolvimento é sustentável se atender às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade de gerações futuras em atender às suas próprias necessidades
Definição das Nações Unidas (1987)

Com a revolução industrial há cerca de 250 anos (um brevíssimo período na história de nossa espécie) houve um desenvolvimento técnico sem precedentes. Em geral, a qualidade de vida das pessoas aumentou sobremaneira. A expectativa de vida que até o século 18 girava em torno de 30 anos passou a quase 70 anos em 2010. O mundo realmente experimentou mudanças rápidas e profundas e o desenvolvimento econômico se deu, em grande parte, às custas da exploração de recursos naturais, formados ao longo dos mais de 4 bilhões de anos da história de nosso planeta. Quem já assistiu o documentário “Uma verdade inconveniente” ou uma série de documentários, estudos e reportagens produzidos posteriormente deve ter noções sobre o volume de CO2 e outros gases de efeito estufa que se acumulam exponencialmente em nossa atmosfera. Muitos efeitos graves já são sentidos nos dias atuais. Abaixo, algumas manchetes recentes e alarmantes sobre nossos tempos.
Felizmente essa situação não tem passado despercebido das instituições representantes dos interesses globais. Em 2010, durante a cúpula dos objetivos do milênio (sobre o qual pretendo tratar futuramente), colocou-se um desafio para o estabelecimento de uma nova agenda global de desenvolvimento. Em 2012, durante a conferência Rio+20, os países membros das Nações Unidas decidiram efetivamente formular esse novo modelo, com a formação de um amplo grupo de trabalho global e contando com o envolvimento da sociedade civil. Em 2013, a pesquisa "Um milhão de vozes: o mundo que queremos" consultou mais de 1 milhão de pessoas em 194 países. Dessas consultas, foram estabelecidas prioridades que acabaram por resultar nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).


1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares
2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição
3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos
4. Garantir educação inclusiva, equitativa e de qualidade
5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas
6. Garantir disponibilidade e manejo sustentável da água
7. Garantir acesso à energia barata, confiável, sustentável
8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável
9. Construir infraestrutura resiliente, promover a industrialização inclusiva
10. Reduzir a desigualdade entre os países e dentro deles
11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes
12. Assegurar padrões de consumo e produção sustentável
13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima
14. Conservar e promover o uso sustentável dos oceanos
15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável das florestas
16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável
17. Fortalecer os mecanismos de implementação e revitalizar a parceria global

Os objetivos são diversos (há inclusive críticas sobre sua quantidade) e ambiciosos, mas absolutamente indispensáveis à sustentabilidade do planeta e de nossa espécie. Se há dúvidas sobre importância desses objetivos, listo abaixo algumas manchetes recentes relacionadas a tais objetivos. 


Se algum de nós ainda não tiver sido afetado diretamente por esses problemas, caso nada seja feito, há uma chance de sermos afetados no futuro. O momento é crítico. Eventos climáticos extremos tem sido cada vez mais frequentes, colocando em risco a capacidade do planeta de continuar suportando a sobrevivência de muitas espécies, inclusive a nossa. Grandes transformações no mundo foram realizadas nos últimos 250 anos e a reversão de tendências é absolutamente urgente e imprescindível. O que será do mundo nos próximos 250 anos ou mil anos? (um período curtíssimo na escala planetária). Cabe à presente geração de homens e mulheres a responsabilidade de reverter os padrões estabelecidos e oferecer às gerações futuras a capacidade em atender às suas próprias necessidades.

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Sobre Fabio Hideki Ono

Um economista em busca de aprendizado e que acredita que boas práticas de gestão podem efetivamente levar ao desenvolvimento sustentável.

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